sexta-feira, 18 de abril de 2008

Semana de mortes e tristezas - 19/02/2000


É Lua Cheia.

Os cães não param de latir. E chove.

Pensamentos e medos estranhos estão a me assombrar.

Uma angústia fere meu ego.

E uma saudade perfura-me como um prego à madeira.

Não consigo dormir.

Rolo pela cama.

Estou fria apesar do calor do cobertor.

Fico com raiva do mundo.

O meu sangue ferve, enquanto meu cérebro fantasia.

Fantasia loucuras,

Estou enlouquecendo.

Chamas estão acesas, e o mundo arde como brasas.

E os pensamentos, a melancolia, não querem ir embora.

E todos morrem.

Ficam paralíticos.

E as cabeças das pessoas enlouquecem.

Monstros estúpidos já não fazem sentido.

O que aterroriza é a realidade.

Achei o meu LIvro dos Dias!



Da boca vem imundícies

Indecifráveis imundícies

Doces imundícies

Santas imundícies


Das bocas saem formigas

Venenosas formigas

Estranhas formigas

Tão esquizofrênicas quanto

os versos dessa canção.


14/12/ 1998

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Luísa e a Formiga

Sábado à noite. Saímos para tomar sorvete, eu, o marido (na época namorado) e as duas filhas dele, Mariana e a caçula Luísa. Fomos a uma sorveteria antiga de BH, no bairro Floresta. Todo mundo já tinha elogiado o sorvete do lugar. “Ai que delícia”... um dos meus maiores prazeres é saborear um sorvetinho. Sou capaz de devorar um pote sozinha... Eu era a mais animada.
Chegando lá, cada um escolheu seu sabor, nos servimos e sentamos em uma mesa da calçada. Papo vai, papo vem, Mariana descobriu que em meio a massa doce e gelada de sua sobremesa, havia uma formiga.
Imediatamente, vendo o nojo da irmã, Luísa, do alto dos conhecimentos de seus 8 anos, soltou a pérola:
“Come Mariana, pois formiga faz bem para as vistas!”
E todos rimos com a sábia filosofia.

domingo, 6 de abril de 2008

O "causo" da aliança


Férias... Depois de um ano de trabalho árduo, de uma rotina estressante, vem a recompensa: férias... Palavra deliciosa, feita sob medida para mim. A única preocupação, a partir de então, seria decidir o roteiro, checar lugares para a hospedagem, arrumar as malas e partir para a viagem perfeita. Decidimos ir para a Bahia, mar, verão, coco gelado e nada de trabalho.
Viajamos eu e o marido de carro. Cruzamos a fronteira de Minas com Bahia. Depois de longas 15 horas de estrada, chegamos ao nosso destino: Arraial d’Ajuda. Nos hospedamos no melhor aposento de uma pousada pertinho da praia.
A ansiedade tomava conta de mim e eu não queria perder tempo longe da areia. Coloquei o traje de banho, me besuntei de filtro solar e eis que surgiu uma dúvida: Vou ou não de aliança? “Claro que vou”, era minha viagem de lua de mel, queria mais que todo mundo visse “a dita”. O marido falando que podia perder no mar e eu achando que era chatice dele, que ele não queria usar. “Ah! Vamos?” Meio a contragosto ele topou. Ainda resmungou alguma coisa que nem prestei atenção.
Chegamos na praia... “Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii que tudo!” Solzão na pele, cerveja gelada... água salgada... “Parece que estou no céu...” Mergulhos ainda tímidos, coisa de mineiro, né? Sempre segurando a aliança, com medo de acontecer alguma tragédia. Beijos, abraços, mais sol, mais sal, mais areia.
Depois de um longo tempo dentro do mar, uma paradinha para a hidratação, para as comidinhas. Camarão frito, cervejinha, conversa, carinhos, mais beijinho.... de repente o “homem da ostra” passou vendendo a especiaria. “Quanto é?” “10 reais meia dúzia.” “Eu vou querer”. E ele abria, pingava limão, pitadinha de sal e eu só degustando. Abria mais uma, e outra e outra... Até que na última ostra, pingou limão na minha mão. Debaixo daquele sol ardido, fiquei apavorada de acontecer o pior e o suco do limão manchar a minha pele. Resolvi lavar a mão no mar... Na hora, mais na hora de lavar a mão, veio uma onda, quebrou perto de mim e... “comeu” a minha aliança! Eu senti a danada escapulindo do dedo!
Fiquei atônita. Voltei para a barraca mais branca do que eu tinha chegado. Olhei para o marido e caí no choro. “Que foi?” E eu não conseguia parar... “O mar levou a minha aliança...” Enquanto eu chorava ele falava: “Viu, eu não falei? Perdeu de teimosa”. E quanto mais ele falava, eu chorava, voltava até a beira da praia para ver se eu a achava, com esperança de encontrá-la no meio daquele mundo de água. A partir desse momento, entendi a expressão “Procurar agulha em um palheiro”.
No primeiro dia da minha viagem de lua de mel, OMAR levou a minha aliança. Será que foi Iemanjá? Já ouvi falar que ela gosta mesmo é de ouro. E a minha aliança era grossa... Maravilhosa... Ao telefone, a minha mãe me acalmou e disse que era para eu parar de pensar nisso, que eu tinha feito uma oferta para a Rainha das Águas...
Pensei e ainda penso todos os dias na aliança roubada, ou ofertada, ou coisa e tal. Todo dia, olho para a minha mão vazia e sinto falta dela. Ainda não pude comprar outra. Mas uma coisa é certa: “Vão-se os anéis e ficam-se os dedos”.
É melhor pensar assim para não cair novamente no choro.

sábado, 5 de abril de 2008

Molecagem


Todo dia, durante 11 anos da minha vida, na volta da escola eu tinha que subir um morro. Tinha que subir debaixo de sol ou chuva. Às vezes, o que amenizava o sofrimento era alguma carona ou a companhia das amigas. Não era fácil, na hora do almoço, faminta, ter que "encarar" o paredão.

Quando crianças, sempre tentamos amenizar algum sofrimento, e eu sempre buscava um jeito de subir o morro, sem que "doesse" tanto. Subia cantando, observando a paisagem, pensando na "morte da bezerra"... Um dia, nessas minhas divagações, bem no meio "daquela montanha de concreto", vi uma menininha na varanda de uma casa. Que menina feia! Uma criança sem nenhuma beleza, os cabelos despenteados, a pele suja, uma chupeta encardida no canto da boca e fralda de pano. Não senti vontade nenhuma de mexer com ela, logo eu que adoro criança. Subi o resto do morro e em casa nem mais me lembrava do que tinha visto.

No outro dia, lá estava ela de novo, sentada em uma cadeirinha, com uma fralda na mão, cabelos desgrenhados, um horror! E eu, com meus 11, 12 anos comecei a pensar umas "maldadezinhas". Olhei bem para a menina, bem nos olhos, fiz uma careta e fingi que ia pegá-la. A menina não entendeu muito bem, olhou para minha cara e saiu correndo para o quintal da casa. Fui embora morrendo de rir. Ao fim do dia, já não pensava mais no que tinha feito.

Passou a ser minha rotina: todo dia, passava em frente à casa e fazia careta. Ora a menina corria, ora arregalava os olhinhos e fazia cara de choro. Mas nunca chorava. Até que um dia, não é que ela abriu a boca e começou a gritar, a chorar, a espernear na cadeira?Ouvi uma voz vinda de dentro da casa e fugi, apressada. Nesse dia, saí literalmente correndo apavorada e com o maior sentimento de culpa da minha vida, até então. Fiquei com tanto pavor de alguém ter me visto fazendo careta e de contar para a minha mãe que passei a subir o outro lado do morro.

Eu fiz essa molecagem. E agora, depois de escrever tudo, estou na dúvida se publico este post. Eu nunca falei disso para ninguém, nunca mais vi a menininha, nunca mais fiz medo em nenhuma pobre criancinha! Eu não sou má, viu gente!!!

Bom, a parte de que nunca mais fiz medo em nenhuma pobre criancinha acho que vou deletar. Tenho mais um "antecedente criminal" nessa área. Mas isso é assunto para outro post. Este já acabou! Risosssssssssssss.....

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Pais como antigamente

Estou muito chateada com o caso da menina que foi atirada pela janela do apartamento do pai. Fiquei muito comovida, assim como toda população brasileira. Não consigo imaginar que alguém tenha coragem para um ato tão cruel.
Lembrei-me da única vez que meu pai me bateu. Eu devia ter 6, 7 anos. O motivo? Eu não estava conseguindo enxugar o banheiro, que sempre lavava. Pedi para meu pai me ajudar e ele disse que não podia. Insisti tanto, que ele perdeu a paciência e me bateu dentro do banheiro molhado. Fique ali, sentada, chorando, chorando. Usava uma saia cheia da babados que a minha mãe tinha feito para mim. Ela era azul e branca. Tava na época da lambada e minha mãe copiou o modelo que as atrizes da novela usavam. Chorei tanto que minha mãe me pegou no seu colo, me deu banho e me acalmou. Depois disso, nunca mais meu pai encostou a mão em mim.
Se sinto raiva disso? Se odeio meu pai por isso? NÃO. Sinto um respeito enorme por ele, um amor incondicional. Sei que estava errada e não o culpo. Todos nós temos "um dia daqueles" e nesse dia era meu pai que estava no seu inferno astral. Ele é o melhor pai do mundo. Meu grande herói.
Por que dessa lembrança? Eu NÃO quero acreditar que foi o pai que matou a filhinha. Não quero acreditar... mas os fatos estão aí... e tudo nos leva a crer que ACONTECEU... ele fez essa monstruosidade... estava no seu dia ruim. E não são todas as pessoas que conseguem se segurar. Infelizmente.
SÓ SEI DE UMA COISA: fui e sou feliz por ter um PAI como o que tenho.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Primeiro Post


Primeiro Post.
Estou aqui, parada, sem saber o que escrever. Pensei em publicar um poema que escrevi quando tinha 15 anos, mas não achei o meu "diário" ou apenas "Livro dos Dias", como era chamado por mim. Vou explicar: ganhei uma agenda, um caderninho, de uma amiga, no dia do meu aniversário de 15 anos. Todo cheio de florzinhas, aquela coisa mais meiga. Imagina eu, em plena fase METAL, com um caderninho todo frufru? Logo transformei-o em um livro HARD, cheio de poeminhas sinistros, bem como a minha filosofia de vida naquela época. Lembrei-me agora, de que esse livrinho ainda tem algumas páginas em branco, à espera de mais momentos de catarse da sua dona.
Mas só tem uma coisa: quase 10 anos se passaram... quase 10!